quinta-feira, 20 de setembro de 2012

TJ determina prisão do prefeito de Londrina, mas não de Barbosa Neto

Desembargador manda prender José Joaquim Ribeiro diante do risco de ele interferir nas investigações sobre corrupção na administração municipal. Foto de Gilberto Abelha / Jornal de Londrina.

O desembargador José Maurício Pinto de Almeida, da 2.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), decretou ontem a prisão preventiva do prefeito de Londrina, José Joaquim Ribeiro (sem partido). O desembargador entendeu que ele, como prefeito, pode atrapalhar as investigações de corrupção na prefeitura. A prisão do prefeito foi pedida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual (MP).
Ribeiro admitiu ter recebido propina de R$ 50 mil paga por empresários responsáveis pelo fornecimento de kits escolares para a prefeitura. Ele está licenciado do cargo há uma semana para fazer tratamento de saúde. Até o fechamento da edição, não havia informações se Ribeiro estaria preso ou não. A reportagem apurou que ele estaria em Camboriú, no litoral de Santa Catarina.
O Gaeco ainda havia pedido a prisão de outros investigados pelo caso da propina na educação municipal, incluindo o ex-prefeito Barbosa Neto (PDT), cassado pela Câmara Municipal há pouco mais de um mês. Mas o TJ não acatou a solicitação. Também foram beneficiados pela negativa da prisão os ex-secretários municipais Marco Cito e Lindomar dos Santos e o empresário Marcos Ramos.
O MP investiga um grupo de 17 pessoas pelo superfaturamento da compra de kits escolares entre 2010 e 2011. Segundo o Gaeco, o grupo teria recebido propina total de R$ 540 mil e provocado um prejuízo de R$ 3,7 milhões aos cofres públicos num contrato de 7,5 milhões para aquisição de material escolar.
Situação “inusitada”
No caso do prefeito, o pedido de prisão foi acatado porque o desembargador entendeu que “os autos bem demonstram que ele [Ribeiro] está causando uma inegável intranquilidade social, uma vez que confessou, inclusivamente em entrevista à imprensa, ter participado de alguns dos crimes mencionados na denúncia”.
Almeida classificou essa situação como “inusitada” e lembrou que o prefeito permanece “no comando absoluto da administração pública, com acesso pleno a documentos que possam ser imprescindíveis às investigações ou mesmo ao processo-crime”. O magistrado também levou em conta o fato de o prefeito “não ser encontrado sequer para ser intimado a prestar esclarecimentos de sua conduta ilícita à Câmara Municipal”. A Câmara abriu uma investigação e teve de notificar Ribeiro a se defender por meio de um edital publicado no jornal Folha de Londrina.
Almeida também afirmou que, ao convidar o filho da ex-secretária de Educação Karin Sabec para um cargo na administração municipal, Ribeiro “se utiliza do cargo para atenuar sua situação” e para “agradar uma importante testemunha e denunciada”. Todos esses fatos, segundo o desembargador, justificam a prisão preventiva do prefeito, pois a permanência dele no cargo poderia prejudicar o andamento das investigações.
Sem interferência
Com relação aos outros denunciados, o magistrado entendeu não existirem motivos para que eles sejam presos. “Tudo que sobre eles se alegou pelo Ministério Público se situa no campo das presunções”, disse o desembargador.
Um dos argumentos citados pelo MP para justificar a prisão de Barbosa foram manifestações dos seus aliados contra o Gaeco. “Logicamente que o ex-prefeito Barbosa Neto e seu partido (PDT) não têm simpatia pelo órgão que muito tem contribuído, no Paraná, no combate à corrupção”, escreve Almeida, para depois completar: “Mas tornar essa insatisfação como intimidação seria exagero, como a prisão por esse motivo”.
No caso de Barbosa e de outros denunciados, o entendimento é de que, apesar dos indícios contra eles, a possibilidade de eles intervirem nas investigações é pequena.

Nenhum comentário: